sábado, 31 de outubro de 2015

Intolerância à lactose da Gá e a escola

Isabella está a 2 meses com a dieta de restrição à lactose, e logo que recebemos os laudos médicos com a restrição entregamos ambos na escola. Laudo do alergista e laudo do gastro.
A escola nos explicou que não pode solicitar uma dieta especial para ela, ela simplesmente se alimenta do que não tenha leite. Acho que a dieta dela fica pobre assim, já que quase tudo na escola tem leite né... essa cultura do leite ser tão importante!
Claro que por mim, eu faria os lanches dela e enviaria, mas na escola da prefeitura, isso não é permitido.

Foi avisado no começo de outubro, que no dia 29/10 teria festa à fantasia na escola, e comentei com Isabella, pois ela adora se fantasiar! Ela me perguntava diariamente: mamãe, amanhã é o dia da festa? Sendo assim, a coordenadora me ligou ha 15 dias antes da festa, com o seguinte discurso:
- no próximo dia 29 terá a festa a fantasia na escola, e estamos ligando para avisar às mães das duas crianças com restrição alimentar (Isabella e outra criança) que terão alimentos com leite, e não terá opções para as crianças com restrição, então sugerimos que elas não compareçam no dia, pois estamos "preocupados" com elas, com medo que acabem ingerindo alimentos que não devem, porque no dia da festa terá uma mesa com diversos doces à disposição das crianças para servirem-se à vontade, e a escola não tem condições de evitar caso ela queira comer....
Eu questionei se não podíamos conversar e chegar numa solução, eu poderia comparecer para acompanhá-la, ou enviar o lanche dela, ou se ela poderia participar de apenas parte da festa, e na hora de servir o lanche/doces eu buscaria ela, ou se não poderiam ser doces que todos pudessem comer, porque tem uma gama enorme de doces sem leite! E as duas crianças que não ingerem, poderiam ir, não se sentindo excluídas... porque ela esperava pela festa, confraternizar com os amigos, já tinham combinado entre eles as fantasias, era algo que ela estava se preparando e aguardando para ir...
Mas ela manteve a posição, que era somente crianças e que eu não poderia ir, que mesmo enviando lanche, eles não se responsabilizariam se ela ingerisse algo com leite. Que se eu a enviasse no dia, teria que autorizar que ela ingerisse produtos com leite no dia, que eu deveria me responsabilizar (mesmo não podendo comparecer). A corrdenadora me disse que mensalmente eles fazem comemoração para os aniversariantes do mês, e por causa das duas crianças com restrição, eles servem todas as vezes bolo de cenoura, e as crianças só comem o mesmo bolo todo mês por causa delas, das crianças com restrição... Questionei o que serviriam então, e ela me exemplificou que teria o doce "teta de nega", que é a maria mole coberta com chocolate. Serviriam isso numa mesa, para que as crianças de 0 a 4 anos (idades atendidas na creche) pudessem se servir à vontade???!!! Não sou a favor desse tipo de coisa na escola, mas se querem tanto dar, que dessem 1 unidade para cada criança, pôxa! E minha filha não correria o risco de comer... além de outros muitos doces que teriam disponibilizado lá! Mesmo que ela não fosse intolerante, eu não quero que ela coma esse tipo de coisa.
Não entendo porque uma escola precisa servir esse tipo de coisa.... Não entendo porque uma escola não pode ser inclusiva, mesmo que isso seja lei. Não entendo como essa mesma escola possa receber crianças com dificuldades maiores que essa (para mim, não ingerir leite não foi uma dificuldade, na verdade tem sido um alívio, me sinto bem melhor seguindo a dieta da Isabella...).

Mesmo com todos esses questionamentos e descontentamentos com a escola, enviei via agenda minha resposta sobre isso, para documentá-la. Não fui respondida em minha dúvida, Relatei que estava aberta a achar uma solução, e que não queria tirar ela do convívio com os amigos, porque era um direito dela participar da festa, como parte da escola, como uma aluna regularmente matriculada, inclusive, a festa foi em um dia letivo normal. Sugeri colocar plaquinahs indicativas com o desenho de uma vaquinha, informando quais alimentos tinham leite, e que ela e a amiga não pegassem... ajudaria até todas as professoras e colaboradores a saber.
Sem obter resposta, na outra semana cobrei um posicionamento da escola, que me respondeu:
-ok mamãe, fique tranquila que providenciaremos um lanche para Isabella.
Se fiquei tranquila? Claro que não...
Tive que evidenciar que isso fazia parte de um DIREITO dela, praticamente em tom de ameaça, para eles a aceitassem... senti o preconceito, pensei nas mães de alérgicos, pensei nas mães de crianças especiais... pensei nas dificuldades dessas pessoas, que claro são bem maiores que as minhas.... e infelizmente, muitos acham que a escola está certa, que a coordenação realmente se "preocupou" com ela excluindo-a da festa anual em dia letivo, ou seja, excluindo ela de um dia de aula!

No fim das contas? Ela não foi para a festa... expliquei para ela o porquê, ela mesma explica ás pessoas que a abordam sobre isso, que não foi pq na festa tudo teria leite e ela não pode... e não deixei que fosse nenhum dia dessa semana para a escola, para não ficar ouvindo os planos, vendo os preparativos serem feitos, para uma confraternização em que ela não era bem vinda apenas por não digerir a proteína do leite! Documentei o máximo que pude, porque quero relatar isso na diretoria de ensino para que capacitem os profissionais dessa creche a receberem melhor seus alunos com necessidades especiais.
Sorte que ela nunca gostou dessa escola e ficou feliz de passar a semana toda em casa... assim não me cobrou tanto por não ter ido à festa! Esse é o ultimo ano dela lá.

Isabella compreende que não pode... ela vê todos os dias crianças tomando leite e ela no suco. Ela vê crianças comendo um bolo ou pão com leite, e ela na bolachinha. Ela se frustra às vezes, mas nunca vi comer algo em que eu tivesse informado ter leite, porque sabe que não faz bem à ela. Disse isso à coordenação, mas só o que ouvi é que "não podemos nos responsabilizar"...

Que o mundo possa compreender melhor o outro em todos os sentidos! Um pouco de empatia já ajudaria.

Como ela não participou da festinha na escola, eu e uma amiga fizemos a própria festinha das nossas pequenas:

A amiga Camila fazendo careta! kkk








Tudo que ela possa comer, feito em casa!

Um comentário:

  1. Gente! que situação difícil viu! é assim que eles se preocupam? E o emocional da criança como fica? Ela entende que não pode comer coisas com leite e os adultos não? Infelizmente, é essa situação que muitas mães vivem.
    Eu também não entendo porque as escolas enchem as crianças de doces. Julia mesmo é alvo de piada na hora do lanche porque leva castanha, uva passas, melancias e suco caseiro...
    Você fez muito bem Claudinha, tem que brigar sim pelos direitos!!!
    E estão lindas na festinha em casa, e a certeza do que elas estão comendo.. #muitomelhor

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